A Adaptabilidade da Monarquia Inglesa

O filho do príncipe William e de sua esposa, Katherine, ainda não nasceu, mas as novas regras de sucessão que serão aplicadas a este futuro herdeiro (ou herdeira) do trono suscitam certa preocupação entre o ‘establishment’ britânico. Se que nada o justificasse os 16 países membros da Commonwealth acordaram em 2011 alterar as regras de sucessão ao trono de Inglaterra para acabar com a primazia masculina e o impedimento de casamento com católicos ( O sucessor será necessariamente membro da Igreja da Inglaterra, a Anglicana poderá assumir o trono mesmo que casar com um fiel da Igreja Católica. Um católico, entretanto, não poderá ser rei ou rainha) a proibição, que data da disputa entre católicos e protestantes, pano de fundo da Revolução Gloriosa de 1688

A Monarquia Inglesa é um caso particular,na Europa, de conjugação entre um Estado que Não é laico (o soberano é ao mesmo tempo Chefe da Igreja) onde prevalece a descriminação de género na Sucessão ao Trono , a descriminação de práctica religiosa e a aristocracia tem Poder efectivo.No entanto é um Estado democrático que permanece à frente de qualquer rating de liberdade económica, liberdade politica, desenvolvimento, inovação ou atracção de investimento.

Para os mais atentos a obtenção deste equilíbrio está na capacidade de adaptação da Casa Real à opinião popular (as 3 normas alteradas decorreram da exigência popular) e ao avanço dos tempos.O caso é aproveitado pelos defensores da implantação da República e todos os argumentos são válidos para convencer a opinião publica sobre este “atentado” às tradições seculares (os mesmos que concorrem para o fim da Monarquia).De qualquer forma trata-se de uma reforma  na conservadora Grã-Bretanha ,que prova que no princípio Monárquico nenhuma tradição está congelada no tempo ou na Lei, excepto a prevalência da comunidade e a sua identificação com os representantes.

A rainha britânica Elizabeth II decidiu não esperar o Parlamento britânico para dar fim à discriminação de género na sucessão da realeza no Reino Unido. Em decreto, firmado no dia 31 de dezembro, mas anunciado na noite de quarta-feira, a monarca firmou que todos os filhos do príncipe William ganharam o título de “príncipe” ou “princesa”. Antes, somente o menino teria o direito ao posto hierárquico. O título de “princesa”, na norma de 1917, era reservado exclusivamente para as filhas diretas do rei e da rainha.

O príncipe Charles expressou preocupação, compartilhada pela hierarquia eclesiástica e membros da Câmara dos Lordes, sobre as consequências da nova legislação para a monarquia e para a Igreja Anglicana.

Segundo a reforma que o Parlamento deve aprovar no dia 22 de Janeiro, o primogénito dos duques de Cambridge, independentemente de seu sexo, será o herdeiro directo de seu pai. De acordo com a norma ainda vigente, uma menina deve dar seu posto a filhos homens e só poderá reinar se não tiver nenhum irmão, como Isabel II.O Parlamento de Westminster promete promover uma reforma nas leis de sucessão britânicas, que realizaria a mudança decretada pela rainha. No entanto, segundo o jornal espanhol “El Mundo”, Elizabeth II parece ter se adiantado para dar um presente de aniversário para a esposa do príncipe William, a duquesa Kate Middleton. Ela está grávida e completou, na quarta-feira, 31 anos de idade.

A mudança dessas regras seculares sobre a sucessão foi adoptada pelos dirigentes da Comunidade Britânica de Nações em Outubro de 2011,muito antes do anúncio da gravidez de Kate, em Dezembro do ano passado.Contudo, muitos ainda estão receosos com a aproximação da votação no Parlamento sobre essa reforma, que conta com um forte apoio popular e dos principais partidos.A principal preocupação gira em torno da possibilidade, prevista na reforma, de que um herdeiro da coroa se case com um católico.

Por ora, os sucessores que se casam com católicos devem renunciar a seus direitos ao trono. A proibição remonta a 1701, e não havia nenhuma regra prevista para as outras religiões, como o judaísmo ou o islamismo.O problema está na possibilidade que a mudança traz para que uma criança criada no catolicismo ascenda ao trono. Isso ainda é proibido, porque o monarca é o “governador supremo” da Igreja Anglicana e “defensor da fé”.

Amigos do príncipe Charles indicaram ao Daily Mail nesta semana que o herdeiro do trono e pai de William temia que o governo não tivesse considerado todas as implicações dessa nova legislação e seus efeitos sobre as relações entre o Estado e a igreja oficial.

O primeiro-ministro, David Cameron, negou que haja algum problema, garantindo aos deputados que a mudança foi “regulamentada e endossada” em “estreita relação” com o palácio de Buckingham.

Lord Peter Goldsmith, ex-assessor legal do governo trabalhista de Tony Blair, destacou que mudar leis seculares é uma “decisão transcendental” e considerou “preocupante” tal urgência.

“Se o tema do (papel do monarca como) defensor da fé é questionado, isso leva à pergunta se a Igreja Anglicana deve ser privada de seu estatuto oficial”, alertou um de seus colegas conservadores, Lord Ian Lan

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2 Responses to A Adaptabilidade da Monarquia Inglesa

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