Desligar a República?

A ciclicidade fortuita dos Chefes de Estado (como um sistema em constante “reboot”) é a principal razão que leva toda a comunidade internacional a desconfiar da trajectória de Portugal. A História comprova-o e os portugueses não são os unicos a conhecer o sec XX Português.

Passados 10 dias sobre o dia das eleições legislativas (5 de Junho de 2011), o Chefe de Estado irá conhecer a estrutura do futuro Governo PSD-CDS estando a indigitação do Primeiro Ministro marcada para quinta-feira (16) .Pedro Passos Coelho comunicou hoje ao Presidente da República que o PSD e o CDS chegaram a um entendimento de Governo.

O Presidente da República conclui hoje as audiências com os partidos com assento parlamentar, encontros que constitucionalmente têm de anteceder a indigitação do novo primeiro-ministro.

O passado sufrágio foi histórico, não só pela renovada celebração do principal pilar de qualquer Democracia,ou mesmo pelo facto de as eleições terem incorporado um derrube democrático do Primeiro-Ministro cessante (José Socrates, algo que nunca tinha ocorrido em 200 anos de constitucionalismo) mas fundamentalmente por se tratar de uma decisão (colectiva) crítica em tempos excepcionais que exigiriam a participação (ou no minimo a reflexão) de todos ou 9,5 milhões de portugueses recenseados…mas pasme-se quase metade absteve-se de participar!
Infelizmente, a realidade é bem diferente, está bem à vista de todos sendo estranho  porque não a vêem a quase totalidade dos portugueses, incluindo os ilustres politólogos, especialmente aqueles que, na anterior ditadura, se queixavam de não poder eleger quem desejavam porque, embora se pudessem candidatar e votar em quem desejassem, os resultados eram manipulados e só era eleito quem alguém queria.Passados 37 anos pouco mudou em substância
Agora não é preciso manipular resultados, é preciso porque não há a possibilidade de algum “indesejável” ser candidato a deputado, mesmo que ele o pretenda e tenha muitos dos eleitores do seu círculo eleitoral a apoiá-lo.Pode dar-se mesmo o caso de um independente entrar para o lugar cimeiro da lista, à frente de personalidades que se vêm , ao fim de anos de dedicação ao País, cilindrados pela decisão da cúpula do Partido em deterimento de um qualquer aventureiro demagogo (de preferência com farta hoste a adensar o suposto “curriculo politico”)sem experiência ou percepção da responsabilidade que um cargo público acarreta.A República transformou a Democracia numa porta de dois sentidos: a demagogia pura ou o pedante caciquismo

Um qualquer cidadão só pode ser candidato se “o” partido (ou o chefe partidário) o incluir, ditatorialmente, numa lista (por ordem fixa!), o que é a negação da democracia. A primeira liberdade que um cidadão terá de ter para que um sistema possa ser considerado democrático é a de se poder candidatar a deputado e a de poder votar (delegar um poder que, em democracia, inteiramente lhe pertence) no candidato que lhe mereça a maior confiança.Esse princípio democrático está apenas presente na eleição do Presidente da Republica

É, assim, que a única eleição democrática em Portugal é para o Presidente da República, o mais elevado cargo politico da República mas de limitados poderes, uma herança do parlamentarismo da I República que não fez escola nos terriveis e dramáticos 16 anos em que durou.Os tribunos saídos do golpe de 1910 viram-se forçados a aceitar a figura do Chefe de Estado como intermediário politico, o regime a isso obrigava apesar da revolução ter sido largamente motivada pela rejeição do papel de intermediário politico que o monarca constitucional desempenhava.O Papel da Casa Real como “ultimo obstáculo ao assalto da demagogia à Nação” seria trocado por um papel menor de Chefe de Estado eleito ciclicamente e com o menor numero de poderes possível.

Cavaco Silva e D. Duarte de Bragança

O actual Presidente (Aníbal Cavaco Silva) está já no 2º mandato e não irá naturalmente assistir ao desenrolar da acção governativa do Governo que irá indigitar esta semana, nem tão pouco o próximo Presidente já que todos os analistas apontam uma janela de 10 anos para estabilizar a queda do PIB nacional, tal como admitiu o futuro Primeiro Ministro passos Coelho.O Chefe de Estado desempenha um papel de charneira em todo o processo de resistencia politica aos impactos económico-financeiros.A ciclicidade fortuita dos Chefes de Estado (como um sistema em constante “reboot”) é a principal razão que leva toda a comunidade internacional a desconfiar da trajectória de Portugal. A História comprova-o e os portugueses não são os unicos a conhecer o sec XX Português.

A História europeia comprova que as Monarquias resistem e aceleram o crescimento económico-social das Nações, é um facto facilmente percéptivel pela conjectura de uma eminente falència Nacional onde os credores internacionais se vissem de frente com o legitimo representante histórico do País em vez de uma comissão liquidatária composta por grupos revolucionários ou politicos inexperientes que cobrissem e justificassem a fuga dos verdadeiros responsáveis.

Em politica a confiança é tudo e esse é um recurso que esbanjamos a cada dia com a negação do que é evidente:

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3 Responses to Desligar a República?

  1. António Ferreira says:

    Que grande confusão vai nessa cabecinha… Já agora, talvez não fosse pior relembrar em que ano (e em que regime, naturalmente) se deu a primeira e única bancarrota nacional (que nos excluiu do acesso ao crédito internacional até à década de 50.

    • grifedes says:

      a 1º foi em 1890, devido ao colapso da Argentina que arrastou o banco inglês que detinha maior nº de créditos sobre Portugal.O arrastamento do Brasil nesta crise (impulsionada pela implantação da republica brasileira) fez diminuir as transferências dos emigrantes portugueses no Brasil, as quais serviam de garantia junto dos mercados para assegurar crédito ao País (as transferências eram indexadas à libra)…foi um doi em um que nada teve a ver coma dinâmica interna…aliás a crise foi resolvida atravéz do crédito interno e em 1907 já tinhamos saido da crise…

  2. Carlos Bettencourt says:

    Porque é que os republicanos não têm a coragem de referendar o sistema político? Veja-se o exemplo das nações democráticas europeias que continuam a ter como garante e símbolo de identidade um soberano ou soberana. Foi preciso matar SAR D. Carlos I para implantar um sistema que só interessava à carbonária e a meia dúzia de iluminados? Tenham dó!

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